quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Renaissance

Na semana passada entrou no circuito carioca, em uma única sala, o filme Renaissance, uma produção da França/Inglaterra/Luxemburgo de 2006. Ver esse filme foi mais ou menos como ter um filho: você imagina, espera, se informa, acha que sabe o que vai acontecer, mas na hora H, você vê que não estava realmente preparado para essa experiência.

Quando as luzes do cinema se apagam e a projeção do filme começa, você é bombardeado com uma animação feita em preto e branco. Mas, é preto e branco mesmo. Sabe aquele branco um pouco mais escuro, ou aquele preto um pouquinho mais claro? Esquece. As imagens são feitas a partir do contraste entre o preto e o branco. Demora para você se acostumar.

Depois que você absorveu esse impacto, se dá conta que o filme se passa em Paris, 2054. E a cidade é um show a parte. Porque temos Montmartre, Torre Eiffel, o metrô parisiense, as margens do rio Sena no estilo clássico da cidade, mas também com elementos futuristas: vidros, passarelas, outdoors que são verdadeiras telas de cinema... E tudo isso foi colocado de uma forma que não descaracteriza a Paris que conhecemos, mas, definitivamente, esta é a Paris de 2054. Direção de arte sensacional.

Entretanto, Renaissance não é um filme comum. É uma animação feita a partir de motion capture, onde os atores vestem roupas pretas que contêm pequenos marcadores e interagem em ambientes com sensores que captam a sua posição e movimento. Toda caracterização e cenários são adicionados depois de forma digital. Isso permite que a câmera tenha ângulos, movimentos e enfoques que são de tirar o fôlego.


E a história? Bom, o filme não tem um roteiro original, mas é bem convincente. Afinal, trata-se de um filme de ficção científica noir, quase que literalmente. Logo no início, uma jovem cientista de futuro brilhante é sequestrada e seu empregador, Avalon, uma mega-corporação voltada para produtos de beleza e bem-estar, faz de tudo para encontrá-la com a ajuda da polícia francesa. Karas, o capitão designado para o caso, vai passar por cima de tudo e de todos para cumprir sua missão. Os elementos de sempre estão lá: a grande empresa que a todos controla, o policial com passado obscuro, a pesquisa genética, o relacionamento entre Karas e a irmã da vítima, o cientista mentor... Porém, não acho que isso prejudica o filme em nada. O enredo foi bem amarrado, a discussão sobre beleza e vida é bem atual e o final, na minha opinião, é perfeito. Todos temos que fazer escolhas e elas nem sempre são fáceis.

Sinceramente, a única coisa que eu reprovaria em Renaissance são os diálogos. Alguns deles, simplesmente, não soam naturais. E isso não é por culpa da tecnologia adotada, acho que, realmente, é uma questão de roteiro. Mas, esse é um detalhe ínfimo para uma obra tão marcante e completa. O filme, inclusive, já ganhou prêmios em festivais de animação e de fantasia. Christian Volckman, o diretor, e sua equipe merecem.

Health. Beauty. Longevity. Avalon. We're on your side. For life.

Nenhum comentário: