quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Os Goonies

Esse filme de 1985 é um marco para quem está hoje na faixa dos 30 anos. Como esquecer daquele grupo que conseguiu materializar o sonho de aventura de uma geração? Eles eram os "Indiana Jones" que nós queríamos ser, fazendo o que queríamos fazer. Todos os elementos estavam lá: amigos adoráveis e outros chatos, mas também adoráveis, tesouro, caverna, um grupo de vilões que não era tão esperto assim, um monstrengo, beijo na boca, barco pirata...

Realmente, o trio Spielberg (história e produção), Chris Columbus (roteiro) e Richard Donner (direção) acertou em cheio!!!

Essa sessão naftalina está acontecendo porque eu me deparei com um artigo intitulado "Goonies: Where Are They Now?". Nossa, como foi legal lembrar que o líder asmático dos Goonies era o Sean Astin, nosso atual hobit Sam Gamgee; que um dos irmãos Fratelli era o Joe Pantoliano, o eterno traidor de Matrix (1999); ver a foto sem maquiagem de John Matuszak, o ator que fez o monstrengo com coração Sloth; lembrar do Corey Feldman...

Enfim, como diria minha avó, recordar é viver, e eu ganhei alguns bons minutos de alegria recordando esse filme tão marcante, que a geração de hoje deve achar super-ingênuo, mas que para mim é repleto das imagens, cores e perfumes de uma adolescência na década de 80.

Clique aqui para acessar a página AOL com a diversão completa.

PS: E o rumor de que o filme terá uma sequência está novamente circulando por aí. A idéia é assustadora, na minha opinião, mas eu sou uma pessoa otimista e sempre dou um voto de confiança para as pessoas.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Em tempos de Halloween

Durante o mês de Outubro, quando as festas de Halloween começam a pipocar por aí, sempre aparecem os filmes de terror na TV, cinema ou Internet. O site The List Universe contribuiu com esse espírito criando uma lista dos "Top 10 Horror Movies".

Uma lista é sempre uma coisa ingrata, eu acho. Primeiro, nunca agrada a todos; e segundo, deve ter um número finito de itens, o que nos força a fazer escolhas que deixam outras opções igualmente boas de fora. Mas, mesmo assim, o ser humano adora uma lista!!!

Essa, em particular, eu achei média. Tem clássicos como O Iluminado (1980), O Exorcista (1973), Carrie - A Estranha (1976), mas outras escolhas que acho discutíveis, como Tubarão (1975) ou Les Diaboliques (1955), que, na minha opinião, estão mais para suspense do que terror/horror.

Um dos filmes escolhidos foi Ringu (1998), o filme original que inspirou O Chamado (2002). Eu só vi esse último e fiquei tão impressionada que não consegui ver nem o japonês e nem a continuação do americano. A sequência que aparece na famigerada fita é perturbadora demais e a cena da Naomi Watts chegando na sala e pegando o filho assistindo à fita foi muito marcante. Colocou criança na história, já me derruba...

Tem alguns outros filmes que eu citaria numa lista com essa:
  • Hellraiser (1987): vi esse aí no cinema e Pinhead e aquele cubo me atormentaram por muito tempo.
  • Extermínio (2002): vi sem pretensão nenhuma no Telecine, atraída mais pelo diretor (Danny Boyle) do que por qualquer outra coisa, afinal não sou fã de filmes de zumbis e cia. Mas, fiquei completamente fascinada por esse filme. História, personagens, câmera e trilha sonora sensacionais.
  • A Hora do Pesadelo (1984): tudo bem, tudo bem, esse filme não tem mais o impacto que teve na década de 80, mas não deixa de ser um clássico. Atire a primeira pedra quem dormiu tranquilo depois que conheceu Freddy Krueger.
  • A Sétima Vítima (2002): uma produção da Espanha com o EUA. Não é um dos filmes mais bem feitos do cinema, mas, para mim, foi muito assustador. Acho que é porque tem criança também.
  • O Sexto Sentido (1999): não sei realmente se colocaria esse filme numa lista de horror, mas me deu vontade de citá-lo agora. Acho que merece.

Se continuar pensando, vou acabar lembrando de outros, então é melhor parar antes que eu tenha dificuldade para dormir.

A seleção completa do The List Universe pode ser visualizada aqui.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Festival de Curtas no Rio

Hoje começa a 17ª edição do Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro - CURTA CINEMA, que acontecerá de 25 de outubro a 4 de novembro de 2007.

Serão exibidos 252 curta-metragens divididos em competições Nacional e Internacional e em Programas Especiais. Ainda serão realizados workshops de direção e roteiro, debates etc.

As sessões custam R$ 5,00 e o passaporte para todo Festival é R$ 15,00.

A programação completa pode ser conferida aqui.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Watchmen - A Saga

Uma vez eu namorei um cara que gostava de quadrinhos. Um dia ele me mostrou uma série de quadrinhos chamada Watchmen.

E nada mais foi como antes...

Watchmen foi publicada entre 1986 e 1987 com história de Alan Moore e arte de Dave Gibbons e foi uma revolução no mundo do HQ. O enredo é bárbaro: nos EUA existiam vários super-heróis do tipo "vigilantes", que agiram do início dos anos 60 até 1977, quando foi promulgada uma lei em resposta à revolta da população e da polícia, estabelecendo que os vigilantes precisariam se registrar junto ao governo. A partir daí a maioria deles se aposenta, enquanto alguns passam a trabalhar para o próprio governo. Quando a história começa, em 1985, um desses vigilantes é assassinado e sua morte parece fazer parte de um plano maior que envolve os demais vigilantes e o futuro da humanidade.

Junte a isso a Guerra Fria, teoria do caos, personagens complexos, metáforas, ilustrações e diagramação de primeira qualidade e temos uma obra-prima.

Não estou exagerando. Watchmen foi a única graphic novel que conseguiu uma honraria especial no prêmio Hugo e que esteve presente na lista da revista Time dos 100 melhores romances desde 1923.

A saga não diz respeito a sua trajetória como quadrinhos, mas sim como filme, pois desde o final da década de 80 tenta-se, sem sucesso, transformar essa história em película. O roteiro já passou por algumas pessoas; em termos de direção nomes como Terry Gilliam, Darren Aronofsky e Paul Greengrass já tinham sido envolvidos; os atores cogitados foram inúmeros: Robin Williams, Jamie Lee Curtis, Gary Busey, Richard Gere, Kevin Costner, Ron Perlman entre outros.

Mas, parece que agora em 2007 a produção saiu do atoleiro. Diretor e elenco estão confirmadíssimos e as filmagens já começaram. Quem vai ter a responsabilidade de dirigir esse filme é Zack Snyder, cuja obra mais recente foi 300 (2006). Acho que um dos motivos dele ter sido escolhido foi a forma como ele fez esse filme. Baseado no quadrinho homônimo de Frank Miller, 300 é HQ do início ao fim. Tem cenas que são simplesmente iguais ao quadrinho. E, sinceramente, é isso que se espera dele: não inventa, cara, só faz o melhor que puder para transformar Watchmen em filme.

Entre os atores não há ninguém mega-famoso, o que é bom. Mas, achei a maioria deles muito nova para interpretar personagens que deveriam ter uns 50 anos. Bom, vamos dar um crédito, pois a caracterização é que vai determinar se vai ficar bom ou não.

Em 2009, saberemos.

Confiram os atores abaixo...



Fonte das fotos: Rorschachs Journal

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Tudo o que você queria saber sobre o YouTube...

mas tinha medo de perguntar está explicado nesse singelo vídeo de 3 minutos que achei, adivinhem onde?

Fiz questão de colocá-lo aqui porque o YouTube é meio antes e depois, ou seja, como compartilhávamos vídeos antes dele? Simples, não compartilhávamos.

E, como o YouTube está sempre "apoiando" os meus posts, divulgar esse vídeo é simplesmente um prazer.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Woody Allen e sua Manhattan

Nesse final de semana revi Manhattan (1979), de Woody Allen. Um clássico. Lembro que assisti a esse filme pela primeira vez na casa de minha irmã, ainda pré-adolescente. Gostei naquela época e gosto hoje. Mas, não considero o melhor de Woody Allen. Acho que se você gosta de Woody Allen, todos os elementos estão lá: os diálogos afiados, as neuroses, as mulheres, o próprio Woody Allen atuando... Só que, para mim, ainda falta alguma coisa, talvez no roteiro ou nos personagens, não sei.

Porém, continua sendo uma obra imperdível. Um filme que trata do amor.

Primeiramente, o amor de Allen por Manhattan. A abertura do filme mostrando imagens de Manhattan, enquanto ele faz um monólogo sobre o primeiro capítulo de um livro em que o personagem ama essa cidade, com a música "Rhapsody in Blue" de Gershwin ao fundo é antológica.

Depois, temos o amor entre homens e mulheres. Seus acertos e seus erros, suas idas e vindas... Com certeza, é muito mais fácil amar Manhattan, e ela está lá, um cenário vivo para a história de Allen.

Pesquisando sobre o filme no IMDB, descobri algumas coisas muito interessantes. Por exemplo: esse foi o primeiro filme rodado em widescreen por Woody Allen e existe uma cláusula no contrato com o estúdio que determina que a exibição do filme deva ser SEMPRE nesse formato. Outra curiosidade é que Allen não gosta desse filme, e não gosta mesmo, pois ofereceu a United Artists a possibilidade de dirigir de graça outro filme, desde que eles deixassem Manhattan para sempre na prateleira. Anos depois, quando Manhattan se transformou no maior sucesso comercial de sua carreira, ele disse que não conseguia entender como "conseguiu se dar bem com isso".

Esse filme tem uma outra peculiaridade para mim. Eu, realmente, acho horrível a atuação da Mariel Hemingway como Tracy, a namorada adolescente do personagem de Allen. Independente do quão madura e resolvida ela seja no filme, suas expressões simplesmente não mudam. Seu rosto e sua boca não se mexem. É triste. Seus olhos ainda têm vida, e a cena que ela chora após o Isaac dizer que vai largá-la é convincente. E só. Será que apenas eu penso assim? Ela foi indicada a Melhor Atriz Coadjuvante nas premiações do Oscar e do BAFTA. Inexplicável...

Para entender o fascínio que Manhattan tem sobre as pessoas, basta ver o cena de abertura do filme, completa no vídeo abaixo, com umas legendas dispensáveis, mas que não deixam de ser a prova do alcance dessa obra de Woody Allen.



PS: Alguns diálogos memoráveis foram postados no Cinema e Palavra.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Pecados Íntimos

Pecados Íntimos é o título brasileiro de um filme de 2006 cujo nome original é Little Children. Gosto do nome em português porque esse filme acompanha a vida suburbana de 2 casais e de um pedófilo e sua mãe, todos eles tentando se ajustar a vida pacata de uma cidadezinha americana, mas cheios de tormentos em suas almas. Só que o título em inglês, igual ao do livro no qual o filme foi baseado, também é muito bom, pois o que vemos são personagens que, simplesmente, estão tentando crescer.

Brad Adamson (Patrick Wilson), que no livro chama-se Todd, nome que deve ter sido alterado porque o diretor do filme é Todd Field, é um adulto que nunca teve um emprego de verdade. Era o astro da faculdade de Direito, lindo, jogador de futebol americano, tirava boas notas, mas depois que saiu da faculdade não conseguiu concretizar nada. Já tinha falhado duas vezes no Exame da Ordem e ia tentar pela terceira vez, por insistência da mulher. Sua rotina era cuidar do filho pequeno durante o dia e à noite ir estudar na biblioteca, o que fingia fazer.

Kathy Adamson (Jennifer Connelly), mulher de Brad, é uma cinegrafista, mas extremamente frustrada por seu marido não ser um advogado ainda. Ela acha que quando ele passar no Exame da Ordem, tudo vai mudar e ela vai poder ficar mais tempo com o filho e realizar os documentários que realmente quer.

Sarah Pierce (Kate Winslet) é formada em Letras/Literatura, foi feminista na faculdade, tem pós-graduação, mas, em um momento de fraqueza e solidão, casou-se. Aí, teve uma filha. E, agora, ela passa o dia a cuidar da filha, sem muita paciência, se perguntando como foi parar no subúrbio, presa num casamento sem futuro e com filho.

Ainda temos o Richard Pierce (Gregg Edelman), que é o marido de Sarah, mais velho que ela, em um segundo casamento e cada vez mais distante da mulher e da filha. Principalmente, depois que conhece uma mulher pela Internet que mantém um site de conteúdo sexual.

A coisa esquenta quando Sarah e Brad se conhecem no parquinho do bairro e começam a ter uma caso. Ela passa a ter um sentido na sua vida. Ele passa a receber atenção, sexo e a não se sentir diminuído na presença de Sarah como se sente com a sua mulher.

Junte a essa história um pedófilo (Jackie Earle Haley) recém-saído da prisão, que tem consciência da sua condição, da sua dificuldade de se relacionar com as pessoas adultas e que nem faz muito esforço para isso. Ele vive com sua mãe (Phyllis Somerville), uma criatura que tenta desesperadamente recuperar o filho, ver o que há de bom nele e fazer com que ele se adapte à vida.

É com esses personagens que Tom Perrota constrói o seu livro. Perrota, na minha opinião, escreve bem, nenhum estilo revolucionário, poético, sensacional, mas ele é um baita espectador da vida, uma cara que consegue mostrar o que se passa no fundo do coração de cada um dos personagens, que consegue desvendar e abrir para o leitor as suas almas.

Acho que o livro foi bem transposto para a tela grande. O roteiro foi adaptado pelo próprio Perrota e pelo Todd Field. Este conseguiu fazer um filme ágil e com atores muito bons, principalmente a Kate Winslet e o Jackie Earle Haley. Como o livro vai tão a fundo nos personagens, existe no filme a figura de um narrador, que os observa, que fala sobre as suas vidas como se contasse uma história, reproduzindo quase fielmente trechos do livro. Eu achei esse recurso importante para o filme, mas, por algum motivo, foi pouco explorado, pois o narrador aparece mais no início e no final, ficando "muito calado" durante o meio do caminho.

Field já tem experiência nesse gênero, pois é dele a obra Entre Quatro Paredes (2001), filme badaladíssimo, pesado, que concorreu e ganhou vários prêmios e acompanha o envolvimento do filho de um casal com uma mulher mais velha, cujo ex-marido ainda está por perto e não gosta nada dela estar namorando. Só tristeza.

Pecados Íntimos me lembrou um pouco Beleza Americana (1999) por causa de sua temática, da câmera, da existência de em narrador, do final trágico, mas com uma mensagem de esperança, digamos assim. No livro, inclusive, o final nem é tão trágico e me parece mais verossímel, porém Hollywood demanda concessões...

De qualquer forma, o que temos é um "observatório da qualidade humana" e se os nossos tormentos não são exatamente iguais aos dos personagens do filme, isso não quer dizer que não nos identifiquemos com eles, pois no fundo o que queremos é a mesma coisa que eles: ser felizes.

Segue o trailer...


quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Cinema e Palavra

Resolvi criar um blog "primo-irmão" do Cinema e Banana: é o Cinema e Palavra. Ele será dedicado a citações, frases, taglines e diálogos de filmes. Achei que ficaria melhor organizado assim do que misturar tudo num único blog. Dessa forma, os posts "Regras em um filme de terror" e "Aula de economia" já foram migrados para lá e estão sob nova administração.

Não deixem de conhecer...

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Tropa de Elite - Parte II

Publicado por Cláudio Paiva na revista O Globo de 14/10/2007.


É... Eu realmente preciso ver o filme Tropa de Elite...

sábado, 13 de outubro de 2007

O cinema e a literatura

Depois do cinema, a minha segunda paixão são os livros. E, esse ano, eu descobri dois autores que marcaram a minha vida: Gabriel García Márquez e José Saramago. Claro que eu já os conhecia, mas foi graças a minha cunhada (obrigada, Déo!!!) que eu realmente parei para lê-los.

E nada mais foi como antes...

Para completar, O Amor nos Tempos do Cólera, do GGM, e Ensaio sobre a Cegueira, do JS, agora são filmes, o primeiro já lançado e o segundo em processo de filmagem. Filmes baseados nos livros que eu li!!! Esse ano!!! Agorinha!!!

Muita gente fala: "Ahhhh, mas nunca que o filme vai conseguir ser tão bom quanto o livro. É muito rápido, muito superficial!!!" E... Eu concordo. Mas, nem por isso acho que o filme deva ser subestimado. Ele é, simplesmente, uma outra media. Diferente do livro e por isso mesmo complementar, não definitiva, concebida por outras pessoas, com outros recursos e limites. Mas, igualmente válida.
Diante disso, eu estou doida para ver os dois filmes, já que os livros foram tão importantes para mim.

O Amor no Tempos do Cólera é um livro lindo que celebra, adivinhem, o AMOR. É uma história cativante, humana, profunda, que acompanha décadas na vida dos personagens Florentino Ariza (o eterno apaixonado), Juvenal Urbino (o marido, também apaixonado) e Fermina Daza (o objeto da paixão dos dois). Eu simplesmente adoro esses nomes!!!

Gabriel García Márquez escreve de uma forma fluida e muito terna. Ele mesmo parece amar os seus personagens, cuida deles, tem carinho por eles e, sobretudo, os compreende. Nem todos os escritores colocam todo esse sentimento em suas palavras. Abaixo eu transcrevo um trecho do livro que, na minha opinião, é crucial na história:

"No dia em que Florentino Ariza viu Fermina Daza no adro da catedral,
grávida de seis meses e com pleno domínio de sua nova condição de mulher do mundo, tomou a decisão feroz de ganhar nome e fortuna para merecê-la. Sequer perdeu tempo em pensar no inconveniente de ser ela casada, porque ao mesmo tempo resolveu, como se dependesse dele, que o doutor Juvenal Urbino tinha que morrer. Não sabia quando nem como, mas estabeleceu como inelutável o acontecimento, que estava resolvido a esperar sem pressas nem arrebatamentos, ainda que fosse até o fim dos séculos."


O diretor do filme é Mike Newell que, para mim, não fez grandes obras: Harry Potter e o Cálice de Fogo, O Sorriso de Mona Lisa, Quatro Casamentos e um Funeral, entre outros. O roteirista é Ronald Harwood, que ganhou o Oscar de melhor roteiro adaptado por O Pianista (2002). Os atores principais são Javier Bardem, Benjamin Bratt e Giovanna Mezzogiorno. E ainda temos Fernanda Montenegro no papel da mãe do Florentino Ariza. Li duas críticas sobre o filme, uma de Bianca Kleinpaul que cobriu o Festival do Rio 2007 para o Globo Online e outra de Harvey S. Karten para CompuServe, e ambas falam que o filme está a altura do livro. Que bom. A única coisa que me deixou um pouco triste é o filme ser falado em inglês. Um amor tão grande e determinado assim ficaria muito melhor em espanhol. Mas, nem tudo é perfeito...

Segue o trailer:


Ensaio sobre a Cegueira não é bonito. Pelo contrário. É um livro pesado, violento, "fundo do poço". Faz um estudo do que aconteceria com a sociedade se todos estivéssemos cegos, uma cegueira branca. E o que acontece? A civilização, como conhecemos, deixa de existir. Os seres humanos têm que se organizar de outra forma para poderem sobreviver e isso não é nada bonito de se ver. Péssimo trocadilho... O que Saramago faz é uma crítica a nossa sociedade superficial e acelerada, onde nós olhamos, mas não vemos. Abaixo segue trecho de uma entrevista do Saramago extraído do site http://www.citi.pt/cultura/literatura/romance/saramago/ens_ceg.html.

"«O Bancário»- Tem considerado o Ensaio sobre a Cegueira como um livro duro. Porquê?
José Saramago- Trata-se de uma situação em que toda a gente cega e, a partir daí, ninguém sabe conviver, onde ir ou o que fazer, porque o mundo está organizado para quem vê. Então, sobem ao de cima os instintos maus, a necessidade de sobreviver contra os outros. Até agora, quem leu o livro está de acordo: é um livro duro.
«B»- O que o levou a escrever um livro assim?
J.S.- Não é fácil dizer porque se escreve um livro, embora este tenha uma resposta simples: o mundo (parece-me que estamos de acordo) não está bem, é terrível. Vamo-nos habituando às coisas más, dolorosas, alucinantes. E perdemos a sensibilidade, a capacidade de reagir às coisas más, de combatê-las. Este livro é, de uma maneira transposta, a metáfora do medo real. Tinha que ser duro, porque o mundo é duro e violento. Foi a consciência desta sociedade que é a nossa que me levou a escrever este livro.
«B»- É um grito de alerta?
J.S.- Não é um grito de alerta, porque os outros não dão por eles. É mais como quem cumpre um dever, uma obrigação. Se penso que as coisas estão assim, tenho que dizê-lo... Como se dissesse: como vamos? vamos mal. Não posso mudar o mundo, por isso a minha contribuição é escrever um livro onde o denuncie. E o leitor irá decidir até que ponto isso lhe interessa."


ANDRADE, Elsa, "Ensaio sobre a Cegueira ou o sofrimento de Saramago" in jornal O Bancário, s/l, 6 de Novembro 1995, pág.10.

E, para completar, o estilo de Saramago não é para todos. Seus períodos são longos, ele divaga muito ao escrever, o português é de Portugal... Enfim, Saramago é meio ame-o ou odeio-o. Eu amo.

O filme ficou a cargo do Fernando Meirelles, com previsão de lançamento para 2008. É uma produção de Japão, Brasil e Canadá e conta com um elenco sensacional: Julianne Moore, Mark Rufallo, Gael García Bernal, Danny Glover entre outros. Está sendo rodado em inglês, que, nesse caso, me parece bom, e tem locações no Canadá, Uruguai e Brasil. Inclusive, acho que foi nesse final de semana que as filmagens em São Paulo foram concluídas.

Gosto de Cidade de Deus (2002), mas não muito de Jardineiro Fiel (2005). Como disse o Marcelo Janot, e eu concordo, acho que o ritmo do Meirelles é muito acelerado. A gente fica cansado só de ver. Só nos resta esperar. De qualquer forma, independente do resultado do filme, o blog que o Meirelles está escrevendo sobre as filmagens está sensacional. Para quem gosta de cinema e que conhece o livro, é imperdível. E o cara ainda escreve bem...

Para terminar, fica a citação da contracapa do livro Ensaio sobre a Cegueira:

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."


quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Tropa de Elite - Parte I

Eu tenho a impressão de que apenas eu e Nando, em todo o Rio de Janeiro, somos os únicos que não viram Tropa de Elite, seja de uma forma ou de outra, se é que me entendem.

Pôxa, mas um blog de cinema tem que ter algum comentário, opinião ou qualquer coisa sobre esse tema, afinal parece que só se fala nisso nos últimos tempos. Por isso, eu tenho uma "contribuição" a fazer.

Há tempos eu olho para o Wagner Moura e acho que ele é parecido com alguém. Sabe aquela sensação de encontrar com alguém e não lembrar o nome? Era o que eu sentia em relação a ele. Quando as imagens de Tropa de Elite começaram a veicular, essa impressão só aumentou, misturada com uma sensação de que o rosto dele é "bonzinho demais" para o temido Capitão Nascimento, o homem que "é a razão de Bin Laden ainda estar se escondendo" ou que "joga roleta russa com uma arma inteiramente carregada, e ganha."

Até que na semana passada eu descobri!!!!

Ele é a versão masculina da Kate Holmes. Ou vice-versa.

Já olhei várias fotos deles e não tem jeito. Cismei com isso. Só espero que eu consiga ver o filme Tropa de Elite sem pensar no Tom Cruise...

PS: Esse post foi entitulado Parte I porque eu, sinceramente, espero ter alguma coisa mais inteligente a falar do filme no futuro.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

El Método


Vi esse filme no Ciclo Festival do Rio do Telecine Cult e sua idéia me pareceu muito interessante. É uma produção argentina de 2005 que acompanha um grupo de candidatos a um cargo executivo numa multinacional espanhola. O diferencial é que o processo de seleção utilizado pela empresa é o Método Grönholm, onde uma série de situações "intensas" são propostas para que os candidatos sejam avaliados.

A abertura do filme já é ótima, mostrando os tais candidatos se preparando para a entrevista em cenas desencontradas, enquanto uma passeata contra a globalização pára Madrid.

Quando o filme propriamente dito começa, os candidatos já estão chegando na empresa e têm que preencher um formulário concordando com a utilização do Método Grönholm, que eles não sabem muito bem do que se trata. Mas, vão descobrir em breve, porque todos eles têm que ficar juntos numa sala, sentados numa grande mesa, com computadores a sua frente e já devem lidar com a seguinte questão: "Um de vocês não é um candidato verdadeiro. Descubram quem."

A partir daí situações são propostas e os candidatos vão sendo eliminados num processo tenso, intenso e, por vezes, humilhante. É hipnotizante ver como eles reagem, sua linha de argumentação e de convencimento para continuarem no jogo.

E o mais impressionante: isso realmente poderia estar acontecendo. Trabalhei por 14 anos no meio corporativo, participei de processos de seleção e atividades de dinâmica de grupo e nunca vi nada parecido com o Método Grönholm. Mas, ele poderia existir e as pessoas poderiam ser levadas por ele como os candidatos do filme foram.

Sensacional.

O filme foi baseado na peça El Método Grönholm e foi dirigido por Marcelo Piñeyro, de quem eu já tinha visto o filme Plata Quemada (2000), também excelente. Piñeyro conseguiu fazer com poucos atores, praticamente numa única locação e sem efeitos especiais um filme forte e nada cansativo. O roteirista é ele próprio e Mateo Gil, que participou de Mar Adentro e Vanilla Sky. Inclusive, por melhor roteiro adaptado e melhor ator coadjuvante, El Método recebeu dois prêmios Goya.

Com relação aos atores, só conhecia o Eduardo Noriega, que atuou também em Plata Quemada e em El Lobo (2004). Mas, todo o elenco convence de verdade.

Ver esse filme foi como ver 12 Homens e uma Sentença (12 Angry Men - 1957) no formato do reality show O Aprendiz. Faz pensar no mundo em que vivemos, na aceleração e na concorrência do nosso tempo e, quando o penúltimo candidato sai do prédio e encontra a rua de Madrid vazia e devastada pela passeata contra a globalização, resta um sentimento de que o preço que pagamos é muito alto.

PS: O filme já foi lançado em DVD no Brasil. O nome que a distribuidora escolheu foi O que você faria?. Não preciso dizer mais nada do por quê eu só referencio o filme pelo título original...

Segue o trailer...


Segue um trecho da peça original...

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Cinema e Banana

Pois é, tive que ficar desempregada para entrar na era dos blogs. Não aguentava mais trabalhar 12 horas por dia, feriados, finais de semana, atender celular nas horas mais esdrúxulas e ainda cuidar, ou tentar cuidar, de filho, marido e casa. Então agora estou curtindo umas férias e resolvi ter um hobby.

Um hobby, por quê não? Acho que o único que tive até hoje foi o clássico colecionar selos quando era criança. E ver filmes? Não, isso não é um hobby. O cinema é uma das razões de viver. Vejo filmes e sou apaixonada por eles desde que me lembro. Antes de ter filho, via uns 4 ou 5 filmes por final de semana, fora os que dava para ver durante a semana. Depois que Matheus nasceu ficou mais difícil. Como eu poderia parar por duas horas sem dar de mamar, trocar uma fralda, descobrir o motivo de um choro, atender um "Vem brincar comigo, mamãe."? Bom, eu poderia também deixá-lo com alguém para conseguir ir ao cinema. Fiz isso algumas vezes, não muitas. Depois dos filhos, seu mundo e suas prioridades viram de cabeça para baixo.

É como eu venho dizendo há 4 anos: "Cada escolha, uma renúncia."

Mas agora eu estou conseguindo voltar a ver filmes, ler sobre cinema, pensar sobre cinema. E isso é bom demais. O que me traz de volta a idéia acima: ter um hobby. Posso escrever um pouco sobre as minhas "divagações" em um blog. Quem sabe, elas podem chegar a outras pessoas sem ser meu marido e meus amigos. Ou não. Podem simplesmente ser postadas para o meu deleite e isso ser uma forma de passar o tempo e extravasar. O engraçado é que essa idéia começou quando eu estava vendo um desenho novo com o Matheus no canal Discovery Kids: Bruno e os Bananamigos. São histórias sobre esse tal de Bruno, que é um macaco e mora na Bananalândia, e seus amigos. Eles reforçam conceitos de números, conjuntos, cores e formas. Bem pré-escolar... Mas, em um determinado momento de cada episódio, o narrador fala numa empolgação total: "Somos loucos por bananas!!!!!". Eu acho essa a parte mais incongruente do desenho, porque todos os animais começam a aparecer, num momento meio psicodélico, gritando: "Bananas, bananas, bananas!!!". Aí, eu sempre penso: o que diabos passou na cabeça do canadense, o desenho é canadense, para botar todos os animais, elefante, flamingo, pinguim, entre outros, loucos por bananas.

Bom, numa das vezes que esse meu pensamento recorrente aconteceu, eu dei um voto de confiança para o canadense e achei que, realmente, todo mundo gosta de banana, mesmo me perguntando se o tal canadense algum dia já comeu uma banana. Mas, ainda dando corda para o meu momento de compreensão, eu pensei: "É que nem cinema. Todo mundo gosta." E pronto. Daí para o blog foi fácil.

Tudo bem que já houve críticas quanto ao título. Meu marido falou: "Quem disse que todo mundo gosta de cinema e banana?". Quem conhece Nando sabe que ele não consegue se controlar. Mas, verdade seja dita: eu mesma tenho exemplos desses desvios. Minha sogra acha que qualquer coisa que não esteja ligada à religião é uma graaaaaaande perda de tempo, principalmente esse negócio de filmes. E o meu próprio filho não é chegado a banana.

Mas, esse é o título. E se for encarado com um pouquinho de compreensão (né, Nando??!!), ele diz tudo.

Vamos ver o que acontece agora...